Governo do RN não manterá o Programa do Leite, diz Garibaldi

O Programa do Leite, uma das ações de maior alcance social do Estado desde a sua criação, no Governo Garibaldi Alves Filho, vem causando impacto negativo na estrutura produtiva das usinas de beneficiamento e na renda dos produtores rurais. A combinação entre seca prolongada, alta dos insumos e atrasos no pagamento do Programa reduziu a distribuição de leite em mais de 50% no estado. Hoje, produtores e usinas, que deveriam entregar 155 mil litros de leite diários ao Governo, só conseguem entregar cerca de 70 mil.

Essa redução, que faz diferença na mesa de milhares de famílias beneficiadas pelo Programa do Leite e no bolso dos produtores – entre agricultores familiares, médios e grandes – foi reconhecida pelo ex-governador do Estado Garibaldi Filho, hoje Senador licenciado e Ministro da Previdência Social. O atual auxiliar da presidente Dilma Rousseff esteve presente na manhã de hoje (8) na apresentação de um diagnóstico realizado pela Câmara Técnica Setorial de Leite e Derivados do Estado do RN (TecLeite).

Em entrevista a O JORNAL DE HOJE, o ministro Garibaldi Filho admitiu: “Os produtores sabem que não podem mais depender do Estado”. “O Programa do Leite, que aos trancos e barrancos persiste hoje, foi o programa criado quando cheguei ao governo. Hoje, o Estado não tem mais condições de manter o Programa. Isso está provado pelos atrasos de pagamento que se verificam”, comentou.

Governador de 1994 a 2002, época em que nasceu o projeto, Garibaldi explica que, desde a criação do Programa do Leite (que tem participação do Governo Federal), sempre esteve prevista sua “retirada gradual” da cadeia produtiva, tendo em vista que a dependência dos produtores e usinas do Rio Grande do Norte é alta.

“A minha visão é que a retirada seria gradual, podendo ser operando ao longo to tempo. Hoje vemos que não houve uma retirada do Programa, mas uma crise provocada principalmente pela falta de pagamento regular. Para se ter uma ideia, das 30 usinas criadas, só existem 20. Dessas, muitas produzem em condições precárias”, avaliou.

A estiagem reduziu o rebanho ao longo dos últimos quatro anos, mas as falhas do Programa do Leite – que ajudou a estruturar a bacia leiteira potiguar – também tem sua parcela de culpa. Desde que o programa foi criado, em 1994, o RN registrou sempre crescimento maior que o verificado no Nordeste e no Brasil, em termos da quantidade de leite produzido, número de vacas ordenhadas e valor da produção. Na última década, desde que o pagamento começou a atrasar, os números ou cresceram com menor intensidade ou regrediram.

“O segmento produtivo do Leite ainda precisa do apoio do Estado. Não sei quantificar esse apoio porque, quando deixei o governo, deixei de lidar diretamente com isso. É necessário que haja articulação do Governo Federal com o Estadual, com incentivos ao produtor, de modo a ensejar sustentabilidade do segmento enquanto a produção do leite não se estabiliza e ganha um novo mercado”, disse Garibaldi Alves Filho.

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