"Há muito tempo eu acreditava que não fosse ler em blogs, redes sociais e outros veículos de comunicação sobre uma situação tão atípica na cidade de Acari. A situação das drogas ocupa frequentemente espaços que me permitem verificar uma constatação: o caso é demasiadamente ALERTANTE. Matérias sobre prisões e mortes de cidadãos, medo declarado em tweets e frases soltas por moradores em mídias sociais, e de repente a cena se estrutura em minha visão: aquela cidade pacata onde nasci, a mesma que recebe elogios de visitantes de todas as partes do mundo e se torna destaque em reportagens nacionais mostra-se uma gigante contida entre cordilheiras.
O absurdo disso tudo é que a administração pública prefere não perceber o que está acontecendo. Enquanto o número de vítimas se multiplica e deixa a população acuada, o atual prefeito (que só se preocupa com uma imagem política e a manutenção de seu mandato) prefere perder o seu tempo na construção de praças públicas para embelezar a cidade. E digo: elas não são necessárias. A beleza real de uma cidade consiste no sorriso de tranquilidade e satisfação das pessoas que nela residem. E creio que essa não é uma realidade de Acari.
Acostumado em ver pessoas mostrando a sua paixão pelo pequeno pedaço de terra do Seridó, agora sou obrigado a acreditar que o encanto se desfaz num ritmo tão acelerado quanto a queda d'água que lava a parede do açude de Gargalheiras, principal cartão postal da cidade.
Enquanto isso, internautas acarienses lançam a campanha #AcariSemCrack no Twitter, como forma de mobilização sobre o que está acontecendo. Se o objetivo da estratégia é chamar a atenção para algum fato, então creio que o caminho é adequado, principalmente se contar com a participação de todos os que temem uma realidade pior para a cidade que estão acostumadas a viver.
Entretanto, não basta estampar os fatos nas mídias sociais. Caso a administração pública não esteja visualizando a gravidade real sobre os fatos, o prédio da prefeitura é quem precisa ser decorado com a verdade sobre o que acontece na cidade, e principalmente cobrar através dessa atitude uma mudança de atitude. É momento de exigir retorno dos votos depositados na última eleição e pedir ações sociais, políticas públicas e projetos de educação que ajudem a erradicar o problema. Isso se deve fazer por respeito à população.
Caso contrário, então construa mais praças, mas dessa vez com árvores bem altas e cheias de moita. Só assim, os acarienses terão onde se esconder toda vez que uma cena nova de crimes e violência envolvendo drogas se estabelecer na cidade. E serão obrigados ainda a dividir o mesmo espaço com traficantes, assaltantes e assassinos. E enquanto o poder público cruza os braços diante do perigo, toda e qualquer esperança de desenvolvimento escapa em correnteza absurda pra baixo da saia da Vedete do Seridó, sem promessas de algum dia voltar à luz.
Jo Fagner
RTV, Jornalista e Antropólogo acariense
Comentários
Mas culpar o poder público por um erro familiar émais fácil e da mais ibope.
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