A jovem acariense, Marianne Galvão ganhou destaque na página da Revista Esquina (revistaesquina.com.br) ao conquistar o segundo lugar no I Concurso de Crônicas. Com um detalhe, foi sua primeira crônica escrita.
A equipe avaliou uma a uma as narrativas enviadas e chegou às quatro que serão publicadas nos próximos dias. Para essa primeira edição, o tema “Histórias de outros carnavais”. As crônicas eleitas pelo júri da revista, foram:
- Trilha sonora carnavalesca, por Fernanda Oliveira
- De outros carnavais e seus fins, por Marianne Galvão
- Carnaval por acaso, Por Magno Benedito
- Carnavalizando Frígida, a cálida, por Guilherme Henrique
Segundo a acariense Marianne, o resultado foi surpreendente:
"foi minha primeira crônica...cheguei a me assustar com o resultado...não esperava." disse
De outros carnavais e seus fins
Por Marianne Galvão
"Quando
pequena, gostava dessa época de confetes coloridos, de quando meu pai se vestia
de mulher para fazer graça e me arrancar sorrisos. E ele conseguia. Era
serenamente maravilhoso quando me reunia com minhas amigas para ir às matinês,
pular o dia inteiro e, ao final da noite, descansar para um novo dia. Outrora, aquele tempo jamais voltaria. Imaginava
que o carnaval teria sempre a mesma magia e suavidade
daqueles tempos de criança. A gente ria, pulava, levava tombos, levantava e
voltava a pular novamente; algo parecido com a vida. Cheia de tombos e ao mesmo
tempo, cheia de sorrisos. O tempo passa, a gente cresce e as coisas
mudam. Eu sempre me pergunto: Por que temos de crescer? Por que as coisas tendem a ser mais cruas a cada ano que
se passa? Costumo observar que no carnaval seja assim. Apesar de ser apta aos
antigos carnavais e rodinhas de samba, de ver meu pai fantasiado me fazendo
chorar de tanto rir; hoje obtive novas convicções sobre o carnaval em tempos atuais. É durante o carnaval que acontecem coisas que, depois de
anos e mais anos, observamos o quanto não aproveitamos o carnaval. Nós perdemos tempo demais fantasiando coisas
que não conseguimos ser consigo mesmos, mas
cobramos dos outros, porém durante o carnaval não. No carnaval é diferente. Vai
ser clichê, mas é real, Marcelo Camelo já dizia que todo carnaval tem seu fim.
Então, quando ele acaba, que máscara a usaremos
para retificar toda aquela maquiagem mal feita que fizemos sobre nós mesmos
durante alguns dias? Qual roupa usará para vestir as consequências de alguns
atos? Quiçá, quem irá escolher o nome do bebê que veio “por acaso”? No
carnaval, tudo pode. E durante 4 dias a gente finge esquecer quem somos, e
quais os nossos principios. Mas não, não pense
que eu sou uma velha rabugenta que não entende o valor de um carnaval, porque é
aí que você se engana. Aprendi a viver 365 dias de carnaval, onde as máscaras
permanecem e a gente teima em esconder-se por trás. E digamos que desses 361
dias, eu disponho de 4 (não que os demais não sejam aproveitados) para sentar
com meus amigos, caminhar pela praia, curtir marchinhas de carnavais, ver o
povo pintando a cara, o menino virando menina e a menina virando menino, as
fotos, recordações, lembranças de 4 dias bem
aproveitados na companhia de noites mais lights e menos inconsequentes. Porque
um dia a gente tem que crescer por dentro também, essas máscaras não duram
muito tempo. E geralmente elas caem sem que a gente perceba, mas nesse calor,
até Allah-la ô dispensaria as máscaras. E então, deixa que as águas vão rolar e abre
alas pro riso bobo entrar."
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